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Qual o papel dos hormônios na resposta imunológica?

03 de maio de 2022


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Qual o papel dos hormônios na resposta imunológica?

O cuidado com a saúde faz parte de um dos elementos mais básicos e essenciais da vida de um ser humano, principalmente para que uma pessoa possa desenvolver uma qualidade de vida boa e integral. Nesse sentido, para que uma pessoa possa estar com uma saúde adequada, possibilitando o bem-estar em todas as áreas da vida, torna-se necessário estar sempre atento em relação às estratégias de prevenção e buscando ampliar o seu conhecimento em relação à ciência e a própria saúde. 

A partir disso, no conhecimento científico, um dos processos mais importantes a serem conhecidos por qualquer pessoa que deseja entender melhor sobre a sua saúde é a resposta imunológica.  Esse processo é parte essencial da proteção e defesa do organismo contra agentes invasores, sendo o desenvolvimento de uma resposta imune adequada uma parte fundamental para a proteção de um indivíduo contra vírus, bactérias, entre outros. Essa ação, porém, pode ser afetada ou potencializada por diversos fatores de acordo com as características de cada pessoa. Dentre esses fatores, podemos destacar os hormônios, sendo necessário, para compreendermos qual o seu papel, entender como eles interferem na resposta imunológica e se é possível perceber uma diferença entre a resposta imune entre os sexos masculino e feminino. 

 

O gênero pode influenciar na resposta imunológica? 

 

Para que se possa responder essas questões, torna-se necessário compreender o que é possível definir como hormônio. Hormônios são moléculas sinalizadoras que estimulam e regulam a ação das células no organismo. No caso dos hormônios sexuais, é possível destacar que eles não possuem apenas a função de controlar o sistema reprodutivo, mas também de regular o desenvolvimento e a função da resposta imunológica. 

Nesse sentido, segundo Moulton (2018), a partir da ação dos hormônios sexuais, as mulheres possuem células do sistema imune com maior capacidade de resposta diante de infecções, além de produção acelerada e maiores níveis de anticorpos quando comparadas aos homens. 

 

O preço da resposta imunológica mais robusta

 

Porém, o desenvolvimento de uma resposta imunológica mais forte encontrada em mulheres em comparação aos homens pode não apenas estabelecer pontos positivos.Esta resposta imune mais robusta em mulheres tem demonstrado também uma maior incidência de doenças autoimunes no gênero feminino em comparação ao gênero masculino. De forma mais simplificada, doenças autoimunes podem ser classificadas como doenças em que o próprio sistema imunológico acaba atacando partes do corpo do próprio indivíduo. Um dos exemplos mais conhecidos e estudados a ser destacado em relação a isso é a doença denominada como Lúpus Eritematoso Sistêmico. 

Essa doença possui uma proporção quase 10 vezes maior em mulheres em relação aos homens. Durante o processo de gravidez, tem sido possível encontrar uma tendência a surtos de lúpus, além de artrite reumatoide e esclerose múltipla. Além disso, as remissões (quando a doença é expressa de forma mais amena) também têm sido encontradas em mulheres após o período da menopausa. Assim sendo, é possível demonstrar que os hormônios sexuais são reguladores cruciais para o sistema imunológico.

Dessa forma, a partir da ação dos hormônios sexuais, tem sido possível observar que, geralmente, homens possuem uma menor resposta imunológica em comparação às mulheres e consequentemente, podem estar mais suscetíveis a infecções. O gênero feminino costuma ter uma resposta imune mais robusta em comparação aos homens, mas que, por outro lado, tem possibilitado observar uma maior incidência de doenças autoimunes do que a percebida no gênero masculino. 


 

O papel dos hormônios na expressão da imunidade 

 

Além disso, é possível encontrar a influência dos hormônios em outras doenças autoimunes. Um exemplo disso é a doença denominada Miastenia Gravis. Nessa doença, já foi encontrado um aumento na produção da proteína receptora celular do hormônio estradiol. A presença desse hormônio é capaz de intensificar a resposta imune e, durante o ciclo menstrual, o estradiol sofre alterações bruscas, aumentando sua quantidade em cerca de 10 vezes na fase ovulatória. Quando analisada a ação do estradiol em homens, esse hormônio se mantém em níveis mínimos. (ZANDMAN-GODDARD, 2007)

Além disso, em artigo de revisão desenvolvido por Grant C. Hughes (2012) conclui-se que o estradiol e a progesterona são hormônios que regulam diretamente a imunidade. Dessa forma, a variação de ambos os hormônios nas diferentes fases da vida da mulher poderia aumentar a sua resposta imunológica. 

Outro hormônio que possui influência na imunidade é a testosterona, presente em níveis muito maiores em homens do que em mulheres. No caso desse hormônio, é possível destacar a sua capacidade como imunossupressor natural, ou seja, atuando na inibição da resposta imunológica. Tem sido possível encontrar baixos níveis de testosterona em homens acometidos por doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, demonstrando, assim, que a presença desse hormônio pode atuar na repressão do sistema imune. (ZANDMAN-GODDARD, 2007)

Portanto, podemos destacar que os hormônios possuem papel importante no desenvolvimento da resposta imune e que, a partir disso, tem sido possível observar tendências que afetam o desenvolvimento da resposta imunológica de forma diferente nos gêneros masculino e feminino a partir da ação dos hormônios. 


 

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Responsável: Rafael Castro 

Suporte técnico-científico: Giovanni Andrade e Guilherme L.T. Nunes 

Supervisão geral: Kátia Delgado 

 

Referências: 

 

1. Hughes GC. Progesterone and autoimmune disease. Autoimmun Rev. 2012 May;11(6–7):A502–14. 

 

2. Moulton VR. Sex Hormones in Acquired Immunity and Autoimmune Disease. Front Immunol. 2018 Oct 4;9. 

 

3. Zandman-Goddard G, Peeva E, Shoenfeld Y. Gender and autoimmunity. Autoimmun Rev. 2007 Jun;6(6):366–72.


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