Testes para COVID-19: você sabe quando realizar cada um deles?
WhatsApp05 de novembro de 2021
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A pandemia da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, já provocou, desde 2019 até o momento, em torno de cinco milhões de mortes, segundo dados do Johns Hopkins University (Dong et al., 2020). Este grande impacto mundial afetou não somente a comunidade científica, mas a sociedade como um todo. A forma como conviveremos com este vírus, por um período provavelmente longo, ainda permanece incerta.
Os principais sintomas da COVID-19 são tosse, febre, cansaço, perda de paladar e/ou olfato, podendo se agravar e gerar problemas respiratórios como falta de ar. Também podem estar associados sintomas gastrointestinais, como diarréia. Em casos graves, a internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é necessária. A infecção pelo vírus ocorre principalmente por fluidos respiratórios contaminados, ou seja, através das gotículas expelidas (através de tosse ou espirro, ou até mesmo através da respiração ou fala) por pessoas contaminadas com o vírus (Meyerowitz et al., 2021).
Os tipos de teste para COVID-19 que existem atualmente no mercado podem ser agrupados em dois grandes grupos:
1. Testes de Detecção Viral:
Eles identificam diretamente partes do vírus SARSCoV-2, normalmente as proteínas (que compõem a estrutura do vírus e permitem a entrada na célula humana e multiplicação do mesmo), ou então o material genético (que é a parte que carrega a informação do vírus e permite que ele produza estas mesmas proteínas previamente citadas). Resultados positivos indicam a presença de fragmentos do vírus, não necessariamente se tratando de vírus inteiros capazes de se multiplicar, por isso, estes dados devem ser associados a seu quadro clínico. Os testes podem identificar fragmentos virais por:
Testes Rápidos de Antígeno
Testes rápidos, como o próprio nome já explicita, geram um resultado quase imediato (normalmente em até 30 minutos). Estes testes identificam porções de proteínas do vírus (conhecidas como antígenos) e são importantes para verificar uma infecção que está ocorrendo no momento da realização do teste.
A recomendação é que o teste seja realizado durante a primeira semana de sintomas da COVID-19. Apesar de serem importantes pelo menor valor agregado e pela maior facilidade na realização, normalmente os resultados positivos necessitam da realização de outra técnica para confirmação, como a técnica de RT-qPCR. Isto é necessário, pois estes testes rápidos são reconhecidos pela sua limitada sensibilidade e/ou especificidade. Os resultados negativos, na presença de sintomas da COVID-19, também não excluem a possibilidade da doença.
RT-qPCR
Assim como o teste de antígeno, o RT-qPCR também detecta a presença de componentes virais na sua amostra de swab nasal. Entretanto, essa técnica tem foco no material genético do vírus. Este material é amplificado, permitindo assim que mesmo pequenas quantidades do vírus sejam encontradas e gerem um resultado positivo. Essa característica faz o RT-qPCR ser conhecido como o “padrãoouro” (ou seja, a técnica mais recomendada) para detecção do SARSCoV-2, tendo em vista a maior especificidade e sensibilidade em relação aos demais testes rápidos.
A recomendação padrão é que ele seja realizado após contato com pessoa contaminada ou na primeira semana em que apresentar sintomas da COVID-19, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, 2021 - Interim guidelines for COVID-19 antibody testing). Apesar de ser bastante sensível, essa técnica demanda uma maior estrutura laboratorial e expertise para análise, e tem um maior custo agregado, não sendo disponível para toda a população.
2. Testes Sorológicos
(também chamados de Testes de Anticorpos): Estes testes detectam anticorpos (moléculas que são produzidas pelo nosso corpo para “grudar” no vírus e auxiliar no combate à infecção) contra partes do vírus. Normalmente, amostras de sangue são analisadas visto que é onde os anticorpos se mostram em maior abundância.
Também, os testes sorológicos podem informar dois tipos principais de anticorpos: IgM e IgG. Os anticorpos da classe IgM são gerados no início da infecção (normalmente após a segunda semana da doença ou vacinação). Já os anticorpos IgG são encontrados em maior quantidade entre 21 e 30 dias após o contato com a doença ou após vacinação. Não há uma recomendação para o uso destes exames para a detecção de infecções em andamento, visto que os anticorpos só são produzidos após vários dias depois do contato com o vírus (CDC - COVID-19 Testing Overview, 2021).
Testes Rápidos Sorológicos de Anticorpos (testes imunocromatográficos)
os testes sorológicos rápidos são importantes ferramentas para analisar a distribuição populacional de doenças, sendo voltados para verificar algum contato prévio com o vírus da COVID-19. Entretanto, eles não são capazes de gerar valores quantitativos precisos e nem indicam diretamente uma proteção contra a doença.
Como citado, os exames sorológicos para a COVID-19 analisam anticorpos que se ligam em partes do vírus da COVID-19. Os testes disponíveis atualmente no mercado variam bastante entre si. Além de a maioria deles não indicar exatamente a qual região do vírus os anticorpos detectados se ligam, grande parte deles identifica anticorpos contra a proteína do nucleocapsídeo (chamada de proteína N) do SARSCoV-2 (Pallett et al., 2020).
Testes contra a proteína N são recomendados para investigar se uma pessoa já entrou em contato com o vírus. Entretanto, não são correlacionados com maior proteção contra a doença (ou seja, maiores quantidades de anticorpos contra a proteína N não necessariamente indicam que você está mais protegido), pois estes anticorpos não têm capacidade de neutralizar o vírus, além de serem evanescentes (podem desaparecer em cerca de 3 meses).
Além da proteína N, o vírus da COVID-19 também possui a proteína S (proteína Spike). Essa proteína está na parte externa do vírus e é responsável pela sua ligação e entrada no interior da célula humana e, portanto, anticorpos contra essa proteína tendem impedir a entrada do vírus e sua posterior infecção, e portanto são os neutralizantes (Walls et al., 2020).
O artigo publicado na revista Nature Communications em 2021, ao estudar amostras de pacientes recuperados da COVID-19, ressaltou a importância dos anticorpos anti-proteína S na resposta contra a doença (Li et al., 2020). Evidências mostram a estabilidade, ao longo do tempo, desta resposta de anticorpos anti-S, e as diferenças neste aspecto se referem a utilização de proteínas S recombinantes, lineares ou incompletas (S1 ou RBD ou S2) nos métodos laboratoriais analíticos utilizados.
Além disso, considerando que praticamente todas as vacinas desenvolvidas para a COVID-19 são focadas na proteína spike, os anticorpos contra a proteína S têm sido altamente correlacionados com a eficácia das vacinas desenvolvidas (Earle et al., 2021). Já que praticamente todas as vacinas utilizam-se da proteína S própria do vírus como mecanismo para gerar a imunidade, a análise de anticorpos anti-proteína S não diferencia se estes anticorpos são derivados da vacinação ou de uma possível manifestação da COVID-19, visto que os anticorpos produzidos por ambos eventos devem ser virtualmente os mesmos.
Mostrada a importância da proteína S na infecção viral pelo SARS-CoV-2, quantificar os anticorpos capazes de ligar na proteína S se torna um bom indicativo sobre a resposta imune gerada tanto pela doença quanto pela vacinação. Como a produção de anticorpos demanda também uma boa resposta celular, ela também oferece um bom parâmetro sobre a resposta imune global (Rydyznski et al., 2020). Para mais informações sobre esse tópico, você pode acessar o seguinte texto em nosso blog: Imunidade Adaptativa e os Testes para COVID-19.
3. ImunoScov19®:
O teste para COVID-19 idealizado e produzido pela Imunobiotech é capaz de identificar anticorpos IgG especificamente para a proteína S completa tridimensional, ou seja, não utiliza-se apenas de fragmentos da proteína. A recomendação é que ele seja feito entre 21 e 30 dias após a vacinação ou o início dos sintomas da COVID-19, onde existe em média o maior nível de anticorpos.
Este exame para COVID-19 é realizado por laboratório de análises clínicas, sendo validado pelo protocolo desenvolvido in house (feito pela empresa). A alta sensibilidade do teste é obtida pelo método imunoenzimático de ELISA. Além do valor quantitativo, nosso exame enquadra o resultado entre quatro grupos de imunidade: imunidade humoral indetectável, imunidade humoral cruzada nível I, imunidade humoral cruzada nível II e imunidade humoral pós-COVID19. Com o resultado em mãos, estabelecemos uma porcentagem que indica a probabilidade de sua imunidade ser compatível com a imunidade humoral que foi encontrada em cada um destes quatro grupos.
O ImunoScov19 pode ser realizado tanto em laboratórios parceiros quanto por autocoleta em sua casa e posterior envio ao laboratório de análises clínicas independente. A coleta é realizada através de punção digital, onde o sangue é depositado em um papel filtro. Este modelo de coleta é semelhante ao Teste do Pezinho, aplicado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os recém-nascidos.
Você pode verificar a nossa lista de laboratórios parceiros ou obter maiores informações sobre a modalidade de autocoleta em casa.
Escrito por Guilherme L. T. Nunes
REFERÊNCIAS:
Dong E, Du H, Gardner L. An interactive web-based dashboard to track COVID-19 in real time [published correction appears in Lancet Infect Dis. 2020 Sep;20(9):e215]. Lancet Infect Dis. 2020;20(5):533-534. doi:10.1016/S1473-3099(20)30120-1
Meyerowitz EA, Richterman A, Gandhi RT, Sax PE. Transmission of SARS-CoV-2: A Review of Viral, Host, and Environmental Factors. Ann Intern Med. 2021;174(1):69-79. doi:10.7326/M20-5008
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Interim guidelines for COVID-19 antibody testing. Atualizado em: 27/10/2021. Link: https://www.cdc.gov/coronavirus/ 2019-ncov/lab/resources/antibody-tests-guidelines.html. Acessado em: 28/10/2021
Centers for Disease Control and Prevention (CDC). COVID-19 Testing Overview. Atualizado em: 27/10/21. Link: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/symptomstesting/testing.html. Acessado em: 28/10/2021
Pallett SJC, Jones R, Pallett MA, et al. Characterising differential antibody response is integral to future SARS-CoV-2 serostudies. J Infect. 2020;81(6):e28-e30. doi:10.1016/j.jinf.2020.07.029
Walls AC, Park YJ, Tortorici MA, Wall A, McGuire AT, Veesler D. Structure, Function, and Antigenicity of the SARS-CoV-2 Spike Glycoprotein [published correction appears in Cell. 2020 Dec 10;183(6):1735]. Cell. 2020;181(2):281-292.e6. doi:10.1016/ j.cell.2020.02.058
Li, K., Huang, B., Wu, M. et al. Dynamic changes in anti-SARS-CoV-2 antibodies during SARS-CoV-2 infection and recovery from COVID-19. Nat Commun 11, 6044 (2020). https://doi.org/10.1038/s41467-020-19943-y
Earle KA, Ambrosino DM, Fiore-Gartland A, Goldblatt D, Gilbert PB, Siber GR, et al. Evidence for antibody as a protective correlate for COVID-19 vaccines. Vaccine. 2021;39(32):4423–8.
Rydyznski Moderbacher C, Ramirez SI, Dan JM, Grifoni A, Hastie KM, Weiskopf D, et al. Antigen-Specific Adaptive Immunity to SARS-CoV-2 in Acute COVID-19 and Associations with Age and Disease Severity. Cell [Internet]. 2020;183(4):996-1012.e19. Available from: https://doi.org/10.1016/j.cell.2020.09.038.