Variante Delta e Ômicron: Qual a diferença entre elas?
WhatsApp21 de janeiro de 2022
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Desde o surgimento da pandemia de COVID-19 no ano de 2020, algumas palavras começaram a ser frequentes no vocabulário da população mundial. Termos como vacina, COVID-19, pandemia, máscara e distanciamento social tornaram-se habituais no dia a dia da sociedade. Além disso, outra palavra também foi introduzida com frequência ao nosso vocabulário: variantes.
Ao longo do combate à pandemia, as variantes do vírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, tornaram-se um tema fundamental a ser considerado em meio ao debate que busca soluções para esse período de crise sanitária mundial. Ao longo da pandemia de COVID-19, o vírus original SARS-CoV-2 foi sofrendo mutações, criando variantes e dificultando a busca por soluções definitivas que possibilitassem o fim da pandemia.
Até o presente momento, algumas variantes já foram identificadas no mundo, porém duas ganharam destaque mais recentemente por características que permitem sua propagação de forma preocupante no mundo: a variante Delta e a Ômicron. Nesse sentido, quando comparamos as duas, quais as diferenças entre elas?
A VARIANTE DELTA
A variante B.1.617.2, denominada como Delta, foi identificada em dezembro de 2020, na Índia. Ao longo do tempo, tornou-se dominante em diversos países ao redor do mundo, devido a sua maior transmissibilidade. A capacidade de propagação dessa variante foi possibilitada devido às mutações na proteína Spike (S), parte do vírus responsável pela sua ligação e entrada na célula humana, e que também é um elemento essencial para o desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19 e para exames de imunidade ao SARS-CoV-2.
Nesse sentido, um artigo publicado pela CellPress enfatizou a capacidade das mutações ocorridas na proteína S afetarem a resposta imune ao vírus, possibilitando que o vírus consiga ligar-se às células receptoras mais facilmente, aumentando a capacidade de infecção do vírus (LI et al, 2020).
A VARIANTE ÔMICRON
Já a variante B.1.1.529, denominada Ômicron, foi identificada no mês de novembro de 2021 no continente africano, sendo reportada, oficialmente, pela África do Sul à Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 24 de novembro de 2021.
Devido a sua alta capacidade de propagação, em pouco tempo, a nova variante já havia sido identificada em diversos países ao redor do mundo. No Brasil, os primeiros pacientes infectados pela variante haviam entrado no país vindos da África do Sul antes mesmo da sua notificação mundial pela Organização Mundial da Saúde.
Em comparação a outras variantes, sobretudo a Delta, a principal preocupação gerada pela Ômicron está no alto número de mutações encontradas no vírus. No total, foram encontradas 50 mutações, sendo 30 delas na proteína Spike (S), causando grande preocupação à comunidade internacional.
Nesse sentido, essa quantidade elevada de mutações na parte do vírus responsável pela ligação na célula humana possibilitaram que a variante Ômicron se tornasse uma cepa com grande capacidade de transmissão e, em pouco tempo, se tornasse a variante dominante em países como a França, Portugal e Reino Unido.
A DIFERENÇA ENTRE VARIANTES DE INTERESSE E VARIANTES DE PREOCUPAÇÃO
Antes de estabelecer as principais diferenças entre as variantes Delta e Ômicron, é necessário entender as classificações que existem entre as variantes do SARS-CoV-2 e, consequentemente, quais semelhanças existem entre a Delta e a Ômicron.
Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as variantes do SARS-CoV-2 em dois tipos: As variantes de interesse e as variantes de preocupação (em inglês, variants of interest - VOIs - e variants of concern - VOCs).
Segundo a OMS, as variantes de interesse podem ser classificadas como cepas com mutações suspeitas de causar mudanças significativas no comportamento do vírus e que já estão circulando amplamente, podendo, com o tempo, se tornarem variantes de preocupação.
Ademais, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, as variantes se tornam de preocupação (VOCs) quando tem capacidade reconhecida de propagar-se mais facilmente, evitar a resposta imune, causar mais quadros graves da doença, alterar quadros clínicos ou diminuir a eficácia de ferramentas já conhecidas - como tratamentos, diagnósticos e vacinas.
Atualmente, na pandemia de COVID-19, existem 7 cepas que já estão entre as duas classificações, sendo 5 delas já tendo sido denominadas como variantes de preocupação: A Beta, Gama, Alfa, Delta e Ômicron.
DIFERENÇAS ENTRE AS VARIANTES DELTA E ÔMICRON
Como variantes de preocupação, Delta e Ômicron possuem semelhanças, porém, uma das principais diferenças está em sua capacidade de propagação. Um estudo publicado pela MedComm comparou os efeitos das ondas das variantes Beta e Delta em comparação à Ômicron na África do Sul. Dessa forma, os dados apontaram que a nova variante possuía uma maior capacidade de infecção em comparação às demais variantes.
Além disso, outro fator relevante analisado em relação às duas variantes foi a eficácia da vacinação. Segundo dados publicados pela Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, os resultados das vacinas da AstraZeneca, Pfizer e Moderna contra a variante Ômicron apresentaram uma diminuição na capacidade de impedir a contaminação em relação à variante Delta. Porém, quando analisados quadros graves da doença, como mortes e internações, não foram percebidos diminuições na eficácia das vacinas.
ÔMICRON CAUSOU ALERTA PARA MEDIDAS DE CONTROLE DA PANDEMIA
Portanto, com a propagação da nova variante, foi possível perceber a alta capacidade de transmissibilidade da Ômicron, mesmo com o número de internações e mortes não acompanhando esses números. Desde que a África do Sul reportou a nova variante à Organização Mundial da Saúde (OMS), países tomaram medidas rapidamente, visando frear a transmissão da Ômicron.
Dessa forma, é possível perceber que, diante das características da Ômicron, faz-se necessário reforçar as necessidades de utilização das ferramentas necessárias para o controle da pandemia - desde o uso de máscaras até práticas como a vacinação e o monitoramento da própria imunidade ao SARS-CoV-2.
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Referências:
Li Q, Wu J, Nie J, et al. The impact of mutations in SARS-CoV-2 spike on viral infectivity and antigenicity. Cell 2020; 182:(5):1284–1294.e9. [Google Scholar]
Hendaus MA, Jomha FA. Delta variant of COVID-19: A simple explanation. Qatar Med J. 2021 Oct 5;2021(3):49. doi: 10.5339/qmj.2021.49. PMID: 34660217; PMCID: PMC8497780.
He X, Hong W, Pan X, Lu G, Wei X. SARS‐CoV‐2 Omicron variant: Characteristics and prevention. MedComm. 2021;2(4):838–45.
Responsável: Rafael Castro