NA MÍDIA

Coronavírus: Cientistas Brasileiros Desenvolvem Exame que Testa Imunidade

27 de maio de 2020


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Reportagem de Jéssica Mayara - Estado de Minas

Fonte: Jéssica Mayara | Estado de Minas

Diferente dos testes rápidos que diagnosticam a infecção, o novo exame será capaz de identificar se, após a contaminação, a pessoa desenvolveu imunidade contra o vírus.

Um grupo de cientistas brasileiros da empresa Imunobiotech, localizada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, desenvolveu um teste capaz de detectar se um organismo já esteve em contato com o novo coronavírus, e se este desenvolveu imunidade ao vírus.

Segundo especialistas, esse exame laboratorial pode mudar o panorama de combate à COVID-19. Isso porque, ao identificar e quantificar a presença de anticorpos tipo IgG, contra a proteína S, seria possível detectar os pacientes considerados imunes, ou seja, aqueles que não estariam suscetíveis a desenvolver a doença e/ou transmiti-la.

Alberto Stein, médico, doutor em medicina e membro do grupo de pesquisa, explica que inúmeros estudos feitos atualmente, a fim de desenvolver vacinas que combatam o novo coronavírus, demonstraram que o alvo dessas vacinas se dá, justamente, na produção de anticorpos contra a proteína S, responsável pelo processo deinfecção da célula humana.

E, portanto, destaca que essa pode ser a “chave” para a constatação de imunidade. “Cabe dizer que nem todo anticorpo reagente contra a proteína S é neutralizante, mas todo anticorpo neutralizante age contra a proteína S, ou seja, os anticorpos que indicam imunidade com relação à COVID-19 são os que reagem à proteína S, que permite a ligação do vírus às células e causa a infecção.”

No entanto, Stein pontua que a imunidade é avaliada pela presença de anticorpos de forma geral. E que, com relação ao novo coronavírus, ainda não se tem ideia da quantidade de anticorpos necessária para que o paciente esteja, de fato, imune à doença.

“Nos Estados Unidos, está em estudo uma vacina para a COVID-19 em que o alvo é o mesmo número de anticorpos nos pacientes que estariam imunizados, equivalente à titulação dos pacientes que estão curados da doença. Ou seja, quem teve a doença e se curou tem nível suficiente de anticorpos contra a proteína S."

A vacina, portanto, tem como objetivo que as pessoas tenham seu sistema imunológico estimulado a produzir anticorpos no mesmo nível/quantidade de quem teve a doença e se curou, explica Stein.

Por isso, acredita-se que, para garantir imunidade contra a COVID-19, é preciso que as pessoas tenham contato com o vírus, desencadeando uma resposta imunológica capaz de produzir anticorpos responsáveis por agir contra a proteína Spike (S) e bloquear a infecção viral.

“O sistema imunológico de cada pessoa reage de forma diferente. Uma pessoa pode produzir anticorpos contra a proteína N do novo coronavírus, que não impede o desenvolvimento da doença no organismo. Quando a pessoa produz anticorpos contra aproteína S, há possibilidade de impedir que a doença se desenvolva, a depender da quantidade de anticorpos produzido”, diz.

Sendo assim, pessoas que ainda não tiveram contato com o vírus não podem ser consideradas imunes ao novo coronavírus. Para desenvolver imunidade é preciso tercontato com o vírus. O que pode ocorrer é uma manifestação branda da doença.

"Aliás, em média, 85% das pessoas que entram em contato com o vírus apresentam apenas sintomas leves da COVID-19. Ou seja: entraram em contato com o vírus, estimularam o sistema imunológico e produziram anticorpos contra a proteína S.” 

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