Novos testes apontam potencial imunidade contra o coronavírus
WhatsApp14 de junho de 2020
Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br
Laboratórios do RS disponibilizam exames no modelo Elisa
Laboratórios do Rio Grande do Sul já disponibilizam testes mais precisos para detectar o contato com o coronavírus. Eles são alternativas para o PCR e para os exames rápidos, liberados para realização em farmácias.
Os novos exames são conhecidos como Elisa (da sigla em inglês enzyme-linked immunosorbent assay), um teste sorológico que trabalha com a reação antígeno versus anticorpo. Com resultados disponibilizados em até 24 horas, ele pode apontar a presença de anticorpos produzidos pelo organismo para combater o vírus.
— A IgA é uma imunoglobulina semelhante à IgM, porém é mais característica do trato respiratório. A grosso modo, até o sétimo dia após a infecção, o exame indicado seria o PCR. Do sétimo ao 12º, o IgA. A partir do 12º dia, o IgG, que é uma imunoglobulina de defesa e memória. Uma vez que o paciente teve contato com a doença, o IgG ficará reagente para o resto da vida. No caso da covid-19, sugere-se "potencialmente" imunizado, pois não há confirmação 100% de que se fique imunizado para sempre — comenta Carlos Eduardo Merck Petry, diretor operacional do Grupo Reunidos, laboratórios que disponibilizam teste Elisa IgA e IgG.
A taxa de confiabilidade do teste para IgG, a partir do 12° dia, é de 98,5%. O exame oferecido pelo Grupo Reunidos, embora de origem alemã, foi validado com materiais oriundos de pacientes locais, para certificar que se trata do vírus que circula no Rio Grande do Sul.
Nos mesmos moldes, usando o modelo Elisa, o teste oferecido pelo Laboratório Mont' Serrat também é capaz de indicar e quantificar os anticorpos contra uma proteína específica do coronavírus. Desenvolvido pela ImunoBiotech, empresa de biotecnologia gaúcha, o exame detecta se o indivíduo tem ou não anticorpos contra a proteína S, responsável pela ligação com as células humanas e pela penetração nas mesmas.
— Quem liga o vírus às células humanas é a proteína S. Nós fazemos o teste que identifica o anticorpo contra essa proteína, o que indica se há imunidade ou não e até mesmo se ela está se desenvolvendo — explica Alberto Stein, médico que colaborou no desenvolvimento do teste.
Isso por que parte dos anticorpos contra a proteína S, que são chamados de neutralizantes, impede que o vírus se ligue às células, evitando, portanto, que entre nelas e multiplique-se. Dessa forma, ao ter esse anticorpo, a pessoa estaria potencialmente imune ao vírus.
Para o professor de virologia Paulo Michel Roehe, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os testes de Elisa largam na frente dos de farmácia, especialmente por terem uma maior sensibilidade, o que garantiria melhores resultados.
— Os testes rápidos têm sensibilidade baixa. Elisa tende a ser mais sensível, detectando as pessoas que têm anticorpos, o que evidencia que ela já teve contato com o vírus — diz.