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Autocoleta por papel-filtro: é confiável?

11 de março de 2022


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Autocoleta por papel-filtro: é confiável?

Com o surgimento da pandemia de COVID-19 no ano de 2020, a sociedade precisou passar por muitas transformações para se adaptar ao novo contexto que surgia. A crise sanitária ocasionou que grande parte das pessoas passassem mais tempo em casa, necessitando de soluções que facilitassem as suas rotinas e que se adaptassem a esse contexto. 

Em relação à saúde, não foi diferente. Mesmo nos momentos de maiores índices de isolamento social, era necessário que as pessoas ainda tivessem acesso a informações precisas e confiáveis em relação à sua saúde. Dessa forma, uma das soluções que surgiam era a possibilidade de realizar exames de diagnósticos através da autocoleta em casa. Porém, diante de tantas mudanças rápidas em um novo contexto, faz-se necessário entender como funciona a autocoleta e se é possível assegurar a confiabilidade dos testes que utilizam essa ferramenta. 

É possível assegurar a confiabilidade da autocoleta em casa?

Diante do novo contexto gerado pela pandemia de COVID-19, tornou-se necessário achar soluções que facilitassem o acesso da população a informações e serviços de todas as áreas, sobretudo envolvendo a saúde de cada indivíduo. Porém, mais do que fornecer o acesso a essas informações em relação à saúde, era fundamental assegurar que essas soluções fossem confiáveis. 

Em uma pesquisa realizada em 2015 com 3000 mulheres norueguesas, se avaliou a eficiência do processo de autocoleta seguido do envio do material coletado através do serviço postal. Os resultados dessa pesquisa demonstraram que mais de 92% das amostras foram enviadas corretamente, estando aptas para, pelo menos, uma análise. Nossa experiência na Imunobiotech, de mais de 15 meses e mais de 10.000 amostras autocoletadas, mostrou que mais de 96% das amostras estavam aptas para análise.

Os materiais de coleta utilizados nessa pesquisa envolviam duas lancetas, um papel-filtro, um material para embalagem e um álcool 70%. (SAKHI et al, 2015) Dessa forma, essa pesquisa demonstrou a capacidade da autocoleta ser um método confiável para testes, como os imunodiagnósticos. 

 

A importância do papel-filtro na autocoleta em casa  

Um fator essencial para permitir que a autocoleta seja realizada de forma segura e mantendo a sua eficiência é o uso do papel-filtro como material de coleta. Esse formato já é amplamente conhecido por ser utilizado no exame conhecido como “Teste do Pezinho”, exame de triagem neonatal que pode ser realizado gratuitamente pelo SUS. Nesse sentido, para compreender a confiabilidade da autocoleta, faz-se necessário entender mais sobre a importância do papel-filtro nesse processo. 

Como é realizada a auto-coleta com papel-filtro? 

Nesse método de exame, o papel-filtro é utilizado para armazenar sangue seco retirado após o contato com uma lanceta. No “Teste do Pezinho”, o sangue é retirado após o contato da lanceta com o calcanhar do bebê. Já no ImunoScov19, exame de imunidade à COVID-19 desenvolvido pela Imunobiotech, o processo acontece através da retirada do sangue após o contato com o dedo do paciente. Em ambos os processos, o sangue é depositado de forma homogênea no papel-filtro, sendo posteriormente seco e armazenado. 

 

A estabilidade do papel-filtro 

Uma das grandes vantagens do uso do papel-filtro para a autocoleta é a sua estabilidade. Esse material pode ser transportado com facilidade em temperatura ambiente, sem precisar de refrigeração. Dessa forma, estudos demonstraram que o papel-filtro pode se manter estável por pelo menos 28 dias em temperatura e umidade ambiente (MOAT et al, 2021). Vale salientar que a estabilidade do material deve ser avaliada para cada tipo de exame a ser executado naquele material. Para o exame ImunoScov19, a estabilidade da amostra é de 15 dias, e estudos continuam sendo feitos para se avaliar esta estabilidade por até 30 dias ou mais.

 

O papel-filtro e a imunidade à COVID-19 

Em relação à COVID-19, a capacidade do papel-filtro em armazenar sangue seco é fundamental para analisar anticorpos contra o SARS-CoV-2. O sangue seco possui a capacidade de manter diversas biomoléculas, estruturas e proteínas. Através do papel-filtro, mais de 500 proteínas podem ser detectadas, entre elas, os anticorpos classe IgG. 

Ao utilizar o método ELISA, é possível quantificar com precisão os anticorpos do tipo IgG contra a região RBD da proteína S do SARS-CoV-2 mesmo após 7 dias da coleta em sangue seco, mesmo que as amostras tenham sido expostas permanentemente em altas temperaturas (em torno de 40º C) e umidade moderada (MOAT et al, 2021). 

 

Autocoleta, papel-filtro e ImunoScov19 

Buscando combinar alta confiabilidade com autonomia e facilidade para os clientes, o exame de imunidade à COVID-19 da Imunobiotech, o ImunoScov19, utiliza a autocoleta e o papel-filtro para avaliar o desenvolvimento da resposta imune contra o SARS-CoV-2. 

Nesse sentido, ao utilizar o papel-filtro como método de coleta, a Imunobiotech mantém um alto desempenho e mantém seu compromisso de trazer a máxima autonomia e conforto para os seus pacientes. 

Para avaliar a imunidade à COVID-19, o ImunoScov19 utiliza a proteína Spike (S) - parte do vírus responsável pela ligação e introdução do vírus na célula - em sua totalidade, mantendo, assim, uma alta sensibilidade - capacidade de detectar corretamente pessoas com imunidade ao vírus - alcançando a taxa de 98,8%. 

Além disso, em seus resultados, o ImunoScov19 estabelece uma correlação clínica, classificando o resultado dos pacientes em três grupos (e quatro níveis): pacientes sem imunidade detectável, pacientes com imunidade compatível com imunidades cruzadas (nível 1 e 2) - fenômeno que ocorre quando anticorpos já desenvolvidos pelo sistema imune reagem a um novo vírus, no caso o SARS-CoV-2 -  e pacientes com imunidade compatível a pós-infecção ou pós-vacinação. 

Assim sendo, ao utilizar a tecnologia do papel-filtro, o ImunoScov19 evidencia-se como um exame que consegue manter esses resultados, alcançando um nível elevado de capacidade de avaliar a imunidade à COVID-19 e, ao mesmo tempo, permitindo que os pacientes possam ter a autonomia de realizar a coleta sem precisar se locomover a um lugar específico e sem necessitar de apoio profissional. Portanto, se tornando um exame que demonstra a eficácia da tecnologia do papel-filtro em assegurar a confiabilidade da autocoleta. 

 

REFERÊNCIAS: 

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Triagem neonatal biológica: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 80 p. : il. ISBN 978-85-334-2407-4

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf

 

Detection of Functional Overreaching in Endurance Athletes Using Proteomics  https://www.mdpi.com/2227-7382/6/3/33/htm

 

Development of a high-throughput SARS-CoV-2 antibody testing pathway using dried blood spot specimens

 https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0004563220981106

 

Sakhi, A.K., Bastani, N.E., Ellingjord-Dale, M. et al. Feasibility of self-sampled dried blood spot and saliva samples sent by mail in a population-based study. BMC Cancer 15, 265 (2015). https://doi.org/10.1186/s12885-015-1275-0

https://link.springer.com/article/10.1186/s12885-015-1275-0#Sec12

 

Medical devices Health problem addressed [Internet]. Available from: http://www.who.int/medical_devices

 

Moat SJ, Zelek WM, Carne E, Ponsford MJ, Bramhall K, Jones S, et al. Development of a high-throughput SARS-CoV-2 antibody testing pathway using dried blood spot specimens. Vol. 58, Annals of Clinical Biochemistry. SAGE Publications Ltd; 2021.

 

Responsável: Rafael Castro 

Supervisão: Kátia Delgado


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